segunda-feira, março 19, 2007

Ser estrangeira em Ramallah

Se em Belém o desespero, provocado por mais de um ano de boicote económico e pela falta de turistas, é visível por todo o lado, em Ramallah, cidade mais auto-suficiente, o dinamismo e a agitação são enormes. As ruas são caóticas, as pessoas passam apressadas (pelo menos tanto quanto este povo e este clima permitem), sente-se o movimento de uma capital no ar. Ao contrário do que me aconteceu noutros países árabes ou muçulmanos e até em certas zonas de Jerusalém oriental, não me senti observada nem fui assediada por lojistas sedentos de fazer negócio nem de transeuntes equivocados sobre o conceito de libertação sexual das mulheres ocidentais. Senti-me, aliás, bastante segura. Claro que não passei despercebida - com um ruivo e uma loura seria quase impossível - mas as reacções não foram além de umas palavras em inglês ditas por miúdos, para mostrarem os seus dotes linguísticos (e sobre isto, diga-se que os palestinianos sabem falar bem inglês e que os seus conhecimentos vão para além do básico aprendido na rua).
Com isto, conclui que o "problema" em visitar países muçulmanos, pelo menos para uma mulher ocidental, está nas zonas turísticas e não nas sociedades islâmicas (com as devidas ressalvas, obviamente). Se nas zonas turísticas o assédio é cansativo e incómodo, basta sair para bairros frequentados por locais, mesmo que pobres e com aspecto menos recomendável, para uma mulher poder passear mais descansada. O mesmo se passa em cidades menos acostumadas a turistas, como Ramallah e Amman. É uma pena que assim seja, porque é das zonas turísticas que a maioria das pessoas leva a imagem de um país. O Médio Oriente não se está "a vender" muito bem neste aspecto. No entanto, foi bom ter chegado a esta conclusão, porque assim sinto-me muito mais entusiasmada a viver uns tempos num país muçulmano. Hello Lebanon...

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem. Fico feliz por saber que te estás a render aos países muçulmanos. Aí encontras "algo" que não há em mais lado nenhum, e a beleza desse "algo" é que nem te sei explicar o que é. Qualquer coisa que não se vê. Sente-se e cheira-se! E isso basta!