domingo, fevereiro 04, 2007

Propaganda e abuso de confiança

Há dias, uma pessoa conhecida, que tem o meu contacto porque fizemos um curso de uma semana juntas, enviou para todo o grupo que participou nesse curso um mail. Como é hábito receber correspondência do grupo, abri sem pensar duas vezes. Deparei-me então com um mail enorme, um texto pensado e escrito ao pormenor. Era propaganda sobre o referendo ao aborto. Irritada respondi, mas pensei que o mail não tinha sido enviado devido a uma falha do servidor. Não tentei novamente porque o assunto não merecia tal atenção. Qual não é o meu espanto quando, uns dias depois, recebo outro mail, desta vez de alguém que eu não conhecia, mas cujo assunto mostrava ser uma resposta ao outro que eu já tinha recebido. Abri. Reparei então que o mail consistia numa conversa amena entre a pessoa minha conhecida e a que agora me tinha enviado este segundo mail sobre o aborto. Ambas tinham a mesma opinião sobre o tema e aquele pseudo-diálogo, notoriamente manipulado para que terceiros lessem, limitava-se a uma coisa do género: "A: concordo contigo neste ponto e repara lá neste argumento. B: há que belo argumento e agora este...". Como se isto não fosse suficiente para me enfurecer, ainda reparo que a lista a quem tinha sido enviado este segundo mail não era igual à primeira. O que me fez concluir que o meu mail de resposta chegou ao destinatário e como a minha opinião não era a correcta, o meu endereço foi retirado para outra lista (provavelmente de desgraçados incautos que terão respondido como eu) e dado uma pessoa que eu não conhecia, para que a propaganda insistisse em mudar a minha mente rebelde. Aí não me contive e pedi que me retirassem de tal listinha na qual eu não me tinha inscrito. A cereja no topo do bolo foi quando a tal pessoa minha conhecida que respondeu a pedir desculpa pelo incómodo e a acusar-me de arrogância!
Eu faço um resumo da coisa: alguém, a quem eu dei o meu endereço de email por uma mera questão de cordialidade e por estarmos ambas inseridas grupo com determinados interesses, usou-o para fazer propaganda disfarçada de correspondência pessoal. A seguir, deu o meu endereço, sem a minha permissão, a uma terceira pessoa que, por sua vez, não só me escreveu um outro mail de propaganda, como me inseriu numa outra lista, cujos endereços estavam à vista de todos os que receberam aquele mail. A tornar público o meu endereço que, tanto quanto sei, é pessoal e só eu tenho o direito de o usar. Ou seja, abusaram da minha confiança, tanto pelo conteúdo do mail que recebi como pelo facto do meu endereço ter sido dado a pessoas que eu não conhecia. E ainda me acusaram de arrogância!
É a este nível que chegou a campanha. Eu até me tenho controlado para não escrever sobre o tema porque já não tenho paciência para tais discussões, mas isto é demais!
Quanto à pessoa em si, eu não vou tecer comentários, embora houvesse muitos a fazer.

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