sábado, fevereiro 17, 2007

Live Forever: the rise and fall of Britpop

Vi o documentário Live forever sobre a Britpop. É estranho já ver documentários sobre a música do "meu tempo", a que comecei a ouvir aos 11/12 anos, quando passei a receber mesada, que gastava num CD e numa revista de música que havia na altura (acho que era a SuperSom). Ainda apanhei o fim do Grunge, mas confesso que dessa época só os Nirvana sobreviveram. Foi a Britpop que me acompanhou naquela fase em que se passa o tempo todo no quarto a ouvir música. Ao contrário de outros géneros, as canções dos álbuns Britpop são todas audíveis, não é necessário passar nenhuma faixa à frente.
O Live Forever pareceu-me um tanto redutor por não passar muito além do trio Blur-Oasis-Pulp, deixando de lado bandas como os Suede, os Elastica, os Verve (há quem ache que, apesar de um pouco à margem, os Radiohead fizeram parte do movimento. Eu gosto muito deles, não concordo com a classificação). O documentário vale pela narração da história política e social do Reino Unido, da estética, do espírito Cool Britannia, feita a par da história da Britpop. É interessante pelo facto de, mesmo à distância, esses acontecimentos também fazerem parte das minhas memórias, género "onde é que estavas no 25 de Abril". O período Thatcher (pronto, disto eu não me lembro muito bem, a minhas referências vêm sobretudo dos Diários de Adrian Mole); a vitória de Blair; o Trainspotting, um dos grandes filmes/livros/bandas sonoras (Britpop) dos anos 90; a guerra Blur-Oasis que, na altura, deu a vitória aos Gallagher; a morte da Princesa Diana e a minha primeira viagem a Londres, que foi um acontecimento com consequências profundas na minha vida.
O movimento Britpop acabou e as entrevistas do documentário são ao estilo "vencidos da vida": Jarvis Cocker está mais comedido, Damon Albarn mais desiludido, o que é de estranhar porque o trabalho pós-Blur é muito bom (Gorillaz, Music for Mali, The Good the Bad and the Queen) e Liam Gallagher continua insuportável. Mas alguma coisa se salvou daqueles tempos: os herdeiros Coldplay, The Tears, Kaiser Chiefs; a continuação do trabalho de Albarn , o regresso de Jarvis Cocker... e os meus CDs, porque depois deste documentário percebi que tenho verdadeiras relíquias. Os meus pais vivem a nostalgia do vinil. Eu, com os mp3, os iPods e o preço imbatível da música no iTunes, começo a viver a nostalgia dos CDs.

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