A Comunidade Internacional (leia-se UE e EUA) impôs 3 pré-condições ao governo Hamas para a continuação da ajuda e das negociações internacionais. Os EUA e até certo ponto o Reino Unido impuseram pré-condições à Síria e ao Irão para negociações, caso contrário "they shouldn't bother to show up". Como é possível que um lado estabeleça pré-condições para abrir negociações com outros, quando ambas as partes precisam do diálogo?
Confundem-se os fins com os meios. As negociações são um meio para se chegar a uma solução, não são nem pode ser um fim em sim mesmo. O reconhecimento de Israel, a renúncia ao terrorismo ou ao seu patrocínio, a desistência do projecto nuclear devem ser o resultado de conversações. No eventual acordo daí saído, Hamas, Síria e Irão têm que respeitar estas exigências, mas sempre em troca de algo, porque essa é a essência das negociações.
Qual é o incentivo que umas das partes tem em respeitar pré-condições, se isso não lhes garante que haja resultados com as negociações? E se "eles" também exigirem pré-condições à UE e aos EUA? Longe vai o tempo em que entrar em diálogo com o Ocidente era um privilégio. Hoje todos sabem que Síria e Irão precisam tanto das negociações como os EUA, mesmo que Bush ainda esteja relutante em aceitar isso, ao contrário de Blair que já "acordou". As pré-condições são uma demostração de arrogância por parte de alguém que não está em condições de impôr assim tanto. E "eles" sabem disso.
O mesmo se tem passado com a democracia que, em vez se ser encarada como um meio para se chegar a uma sociedade melhor, é vista como um fim em sim mesma. E o resultado está à vista.
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