Fui rejeitada no King's College. É verdade que já não quero fazer aquele mestrado e que há males que vêm por bem, mas sinto-me rejeitada e isso custa.
sábado, dezembro 30, 2006
2006
O inevitável balanço do ano. Foi um bom ano.
O ponto alto foi, sem dúvida, ter ido viver para Israel. À habitual adaptação a um país estrangeiro, junto-se o "choque" de ir para um país com tantas peculiaridades.
Tive o meu primeiro emprego.
Vivi em clima de guerra. Estive horas agarrada à internet para saber onde tinha caído o último katyusha. Tive que saber onde era o abrigo mais próximo da minha casa e o que fazer caso não tivesse tempo de lá chegar. Vi helicópteros no meu bairro à procura de uma bombista-suicida. Em pleno piquenique na praia, recebi um telefonema a avisar que Tel Aviv estava em alerta e que devíamos procurar o abrigo mais próximo. Foi falso alarme e, de qualquer forma, ficou toda a gente mais excitada com a ideia do que assustada.
Fui a Hebron, cuja cidade velha parece um verdadeiro cenário de guerra e onde me avisaram que não devia reagir se os colonos me atirassem com ovos ou pedras (sim, pedras!!!).
Andei num carro da ONU e não me calei com isso durante três dias.
Viajei por Israel quase todo. Fui à Jordânia e ao Egipto.
Conheci pessoas fantásticas e fiz amigos novos, sem nunca esquecer os antigos.
Diverti-me à grande.
Tive a minha primeira casa. Só para mim. Decorada por mim. E é tão linda.
Mas nem tudo foi bom.
Vi de perto as consequências da ocupação, tanto para Israelitas como para Palestinianos.
A minha vida sentimental foi uma tragi-comédia ao estilo das piores novelas venezuelanas.
Os meus amigos do primeiro semestre foram todos embora, sem que eu tivesse conseguido encontrar substitutos à altura.
Fui rejeitada no King's College. É verdade que já não quero fazer aquele mestrado e que há males que vêm por bem, mas sinto-me rejeitada e isso custa.
Fui rejeitada no King's College. É verdade que já não quero fazer aquele mestrado e que há males que vêm por bem, mas sinto-me rejeitada e isso custa.
Bem, o balanço foi muito positivo. Aprendi muito. Confirmei umas coisas, mudei de opinião sobre outras. Cresci muito. Tive a certeza de que as minhas opções têm sido as correctas. Começei a delinear de outra forma o meu futuro. Gostei de 2006. Venha outro!
quinta-feira, dezembro 28, 2006
Memória Selectiva
Os meus irmãos queixaram-se que no Natal só receberam roupa. Felizmente, têm uma irmã que, apesar de ter idade para ser mãe deles, não se esqueceu do que é ter seis anos e da absoluta necessidade de brinquedos.
É curiosa a memória selectiva dos adultos. Nunca se esquecem daquilo que antes era diferente: no meu tempo não era nada assim, não havia nada disto, antigamente era o Menino Jesus e não havia Pai Natal (como se o destinatário dos pedidos diminuisse o consumismo da época), porque o Pai Natal é uma invenção da CocaCola (essa marca americana maléfica que não se inspirou nas tradições holandesas e que criou um velhinho apenas para manipular as criancinhas mais incautas), porque no meu tempo é que era...
Esses mesmos adultos esquecem-se com bastante facilidade do que era exactamente igual no tempo deles. Preferir brinquedos a roupa. Roubar chocolates no suposto esconderijo dos doces. Fumar atrás da escola. Ter uma negativa. Ver um filme pornográfico. Comer as bolachas todas e deixar lá o pacote vazio. Apanhar uma valente bebedeira. Dizer não fui eu, não fui eu! Fumar uma ganza. Ficar sozinho em casa e cortar os cortinados da sala para se distrair (humm, esta se calhar fui só eu...). Roubar uns trocos do porta-moedas dos pais. Chegar a casa duas horas mais tarde do que era suposto. Mentir aos pais. Faltar às aulas. Não fazer os t.p.c.
Eu não fiz estas coisas todas. Fiz umas e não outras. Decerto houve quem fizesse as outras e não as umas. Que atire a primeira pedra quem nunca fez pelo menos uma delas. Mas, claro, no tempo deles é que era, agora já não há valores e as crianças só dão dores de cabeça.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Médio Oriente
Eu até escrevia sobre os novos desenvolvimentos na situação do Médio Oriente, mas ainda estou com espírito natalício. A expressão da minha indignação e do meu sarcasmo ficarão para depois das férias. Nunca gostei nem de circo nem de palhaçadas.
segunda-feira, dezembro 25, 2006
domingo, dezembro 24, 2006
A todos um Bom Natal, a todos um Bom Natal
Adorava aceitar a sugestão de Natal do Combustões e passar um Natal de Sultana. Infelizmente a agência de viagens só emite o bilhete depois do pagamento e, como se meteu o fim-de-semana, já não foi possível contactar a tesouraria da Fundação Mário Soares. Fico-me por Coimbra.
A todos os meus leitores (com tantas referências do Combustões, até me sinto uma pessoa importante). Aos assíduos. Aos pontuais. Aos acidentais. Aos comentadores residentes. Aos esporádicos. Aos que comentavam e já não comentam. Aos que cá vêm muitas vezes e nunca comentaram. Aos colegas do Apaniguado. A todos um Bom Natal!
Santa Claus is coming to town
Depois de uma viagem um tanto atribulada e pouco dormida, cá estou pronta a desejar um Feliz Natal a todos, mesmo aqueles que não gostam de Natal. Nas minhas deambulações na blogosfera, descobri que há muita gente, mas mesmo muita gente, que não gosta do Natal. Não percebo. Talvez olhem para a época e não vejam o mesmo que eu vejo.
Há quem ache irritantes as canções de Natal, repetidas em todo o lado. Eu oiço músicas cantadas por algumas das melhores vozes do mundo, apenas ouvidas nesta altura e não mais repetidas que qualquer hit da Shakira.
Há quem não goste da obrigação de dar presentes, da correria para os comprar... e o prazer de oferecer uma prenda escolhida com carinho e cuidado? Eu gosto de fazer compras de Natal, mesmo que isso implique algumas dores de cabeça. Haverá melhor aspirina do que a reacção das pessoas ao abrir o embrulho?
Há quem reclame dos postais de Natal e das sms. E que tal enviar só mesmo a quem interessa e escrever algo personalizado?
Gosto dos doces de Natal que só se comem nesta altura, dos sonhos de abóbora da minha avó, do leite creme da minha tia, dos profiteroles da minha mãe.
Gosto de passear com a minha mãe e a minha tia na Baixa no dia 24.
Gosto da confusão cá de casa, ainda por cima agora até há um cão na família para compôr a fotografia. Gosto da cara de felicidade do meu avô por ver toda a gente cá em casa e a minha avó a reclamar que "isto dá sempre uma trabalheira e para que é isto todos os anos". Gosto de cantar as canções de Natal na sala (não se preocupem, eu não tenho uma daquelas famílias perfeitas, onde todos cantam à volta do piano. Canto eu, sozinha e desafinada, com o meu primo a rir à gargalhada e a minha mãe a perguntar-se "o que é que eu fiz para merecer isto"). Gosto de ligar ao meu pai e aos meus outros avós e ter que falar aos berros por causa da falta de rede e do barulho.
Gosto do vermelho, do verde e do dourado. Da montanha de presentes debaixo da árvore. Gosto das luzinhas de Natal das ruas e dos centros comerciais. Gosto da programação de Natal (se os James Bond são repetidos 3 vezes por ano na sic, porque é que o E.T. e o Música no Coração não podem dar uma vez?). Gosto da toalha de Natal que só sai da gaveta nesta altura. Gosto de me sentar no chão da sala a embrulhar as prendas compradas no hipermercado.
Sim, eu sou feliz no Natal.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Jan Pok
Acabei de descobrir que o Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, Jan Pok, para o Sudão foi considerado persona non grata pelo governo sudanês devido a comentários que Pok fez no seu blog.
A blogosfera, que já tinha trazido problemas a estagiários, levanta agora questões ao mais alto nível na política internacional.
Eu apoio Jan Pok.
A blogosfera, que já tinha trazido problemas a estagiários, levanta agora questões ao mais alto nível na política internacional.
Eu apoio Jan Pok.
A Caminho...
Daqui a umas horas parto para Portugal. Amanhã, quando acordarem, já aí estou. Isto se não forem muito madrugadores, vá ... Ao fazer a mala, concluí que não tenho quase roupa nenhuma e que os presentes que se partem têm que ir ao pé de mim no avião porque não há roupa para os acondicionar. Estou a falar a sério. Agora que tenho ordenado não compro roupa quase nenhuma. Tristeza. Esperemos que os senhores da segurança do aeroporto não sejam muito chatos comigo. As regras de segurança aqui são de tal forma apertadas que eles chegam a revistar as malas e a despir as pessoas. Eu tenho tido sorte e da última vez nem a mala abriram (para além do pormenor de um dos seguranças me ter pedido o número de telefone e ainda hoje de mandar mails). Desta vez, vou voar com a El Al, a companhia israelita, por isso acho que não me escapo a um controlo apertado. Desde que não me façam perguntas estúpidas, eu mantenho a calma.
Nas próximas duas semanas não me falem de Israel, Territórios Ocupados, Direitos Humanos, Síria, Irão, Processo de Paz e Médio Oriente! Prefiro saber o que se passa na "periferia do mundo".Amanhã vou ver as luzinhas de Natal em Lisboa (eeeeeeeeeeeeehhhhhh!!!) e depois rumo a Coimbra para o rasganço da socióloga mais gira do país.Ora, dado que vou viajar a noite toda, que não vou ter tempo de descansar e que a meio da tarde começa a grande festança, aqui fica a minha resposta aos apelos ao orgasmo global pela paz
Nas próximas duas semanas não me falem de Israel, Territórios Ocupados, Direitos Humanos, Síria, Irão, Processo de Paz e Médio Oriente! Prefiro saber o que se passa na "periferia do mundo".Amanhã vou ver as luzinhas de Natal em Lisboa (eeeeeeeeeeeeehhhhhh!!!) e depois rumo a Coimbra para o rasganço da socióloga mais gira do país.Ora, dado que vou viajar a noite toda, que não vou ter tempo de descansar e que a meio da tarde começa a grande festança, aqui fica a minha resposta aos apelos ao orgasmo global pela paz
Haverá coisa melhor neste mundo...
que ir às compras de Natal e descobrir que a Puma está com 50% de desconto? E que tem as sabrinas que tanto precisávamos? E que o único número que há é exactamente o nosso? E que custam menos de 40 euros?
Provavelmente haverá ... mas esta também é muito boa!
Provavelmente haverá ... mas esta também é muito boa!
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Ansiedades
Já me tinha acontecido o mesmo com o filme The Science of Sleep: a ansiedade era tanta que comprei a banda sonora antes de ver o filme. Foi um tanto estranho porque as canções têm diálogos e quando cheguei ao cinema já tinha ouvido parte do filme.
Ontem foi com o Marie Antoinette: ainda não vi o filme (buaaah), mas ontem encontrei o livro que o inspirou e nem pensei duas vezes. Ainda por cima com esta capa linda, este cor-de-rosa macarrron. As boas intenções de fazer compras de Natal, razão pela qual eu entrei na livraria (sim, já descobri uma), esvaneceram-se. Voltei para casa a correr para ler o livro. Et voilá!
Não sei ... entusiasmo-me ...
terça-feira, dezembro 19, 2006
segunda-feira, dezembro 18, 2006
A noite passada II
Depois de eu ter arranjado as desculpas mais esfarrapadas deste mundo para não dançar com certa e determinada criatura. Depois de lhas ter repetido várias vezes, enquanto dançava discretamente com um amiguito bem mais giro. Depois de o ter mandado embora mais de quatro vezes enquanto esperava pelo taxi (ainda acompanhada pelo amiguito). Depois dessa certa e determinada criatura me ter ligado ontem a convidar para sair e eu lhe ter dito que não sabia se podia porque estava cheia de trabalho e que EU lhe ligaria mais tarde. Depois de eu não lhe ter ligado. Depois disto tudo, ele continua a ligar-me!!!!!!
Será isto persistência ou estupidez pura e simples?!!!!!!
Como manter diálogo em hebraico...
... sem saber dizer uma frase completa:
Dirigo-me ao balcão dos sufganyot. Digo Shalom com um ar muito bem disposto e a seguir Arba (quatro. Como eu só sei contar até oito nunca me posso esticar muito nas compras). A empregada diz qualquer coisa que eu imagino, dado o contexto, que seja De quais? Faço um ar descomprometido e aponto para os que estão mais próximos de mim, passo que já tinha sido calculado aquando da aproximação ao balcão (aqui não grandes hipóteses da técnica falhar, uma vez que, como os israelitas nunca fazem filas, dá sempre para escolher de que lado do molho e da fé em Deus queremos ficar). Ela balbucia umas coisas em hebraico, das quais eu percebo apenas shekels. Como eu não sei quanto é que ela me pediu dou a nota mais alta que tenho, just in case. Ela volta a dizer mais não sei o que, mas como oiço a palavra argorot (cêntimos), depreendo que ela me esteja a pedir trocos. Digo Lo (não), com um ar pesaroso. A empregada dá-me o troco e vou-me embora toda contente e a sentir-me uma verdadeira israelita que fala hebraico e come sufganyot no Hannukah!
sábado, dezembro 16, 2006
A noite passada
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Quadrilha, Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Irresponsabilidades
Há pelo menos mês, mês e meio que tenho visto em vários meios de comunicação portugueses e israelitas (e acredito que noutros países se passe o mesmo), a repetição de uma notícia que dá conta de um estudo realizado que demonstra que os homens circuncidados correm menos riscos de contrair o vírus da SIDA. O director de um dos institutos envolvidos na investigação afirma até que "Os resultados são de um grande interesse para as políticas de saúde pública e para as que põem em marcha programas generosos de prevenção contra a Sida". Outro investigador, mais cauteloso, adverte: "É muito claro que isto não é um substituto [de uma protecção] mas apenas mais uma". No entanto, dada a publicidade que esta descoberta tem tido não me parece que seja a mensagem deste último que terá mais impacto, mas sim a do primeiro.
O estudo foi realizado em África e é aí que se pretendem aplicar as tais "políticas de saúde pública", inspiradas por este estudo. Eu não duvido da veracidade dos resultados da investigação, mas acho profundamente irresponsável a forma como estão a ser publicitados. Num continente onde factos se misturam com crenças, onde os mitos se espalham à velocidade da luz, onde muita gente pensa ainda que se tiver relações sexuais com virgens fica curado da SIDA e onde até já bebés foram violados à conta desta "verdade", parece-me que não será difícil ver, no futuro, milhares, senão milhões, de homens a quererem ser circuncidados. Talvez até com os mesmos métodos e condições higiénicas com que é praticada a excisão a milhões de mulheres, no mesmo continente. E depois claro, já se sabe, nunca mais precisarão de usar qualquer outro método de protecção mais seguro. Afinal, já estão circuncidados!
quarta-feira, dezembro 13, 2006
7 maravilhas de Portugal
- Paços da Universidade de Coimbra, obviamente!!!! Esta dava para ocupar os sete lugares e não era preciso mais nada. Haverá coisa mais bonita que chegar a Coimbra à noite e ver a alta iluminada?
- Castelo de Almourol
- Castelo de Óbidos
- Convento de Cristo
- Palácio Nacional da Pena
- Torre de São Vicente de Belém
- Mosteiro da Batalha
É esta a minha votação. Para além do primeiro lugar, as outras maravilhas não estão por ordem e preferência. Estão lá e pronto!
Tenho é que reclamar pela falta do Mosteiro dos Jerónimos e a Praça do Comércio.
O que eu quero pró Natal V
LIVROS LIVROS LIVROS LIVROS
Israel é a parvónia do consumo, onde não há uma livraria verdadeiramente digna desse nome. Não sei o que se passa no universo livreiro, quais as novidades, quais as novas edições, nada. Bem sei que existe a internet e que se eu não sei é porque não quero. Mas comprar um livro exige um certo ritual. É preciso entrar numa livraria, ver as prateleiras cheias de livros, sentir a textura da capa, o cheiro do papel, ler algumas passagens, fica indecisa com tanta escolha, pensar que os livros estão cada vez mais caros... e, finalmente, abrir a carteira e pagar, com a certeza de que, embora caro, é um bom investimento.
E também sinto que estou a perder estrutura de pensamento, faz-me falta a universidade. Os cursos universitários podem ter muitas falhas, mas o facto é que nos põem em contacto com boas obras e aajudam a estruturar as ideias.
São bem-vindas todas as sugestões de bons livros, aqueles que nos agarram durante dias e que nos aconchegam a alma quando chegam ao fim. E também serão bem recebidos os livros que quiserem enviar pelo correio, para a Terra Santa ou para a Santa Terrinha.
terça-feira, dezembro 12, 2006
Digno de registo
A Filipa, sempre atenta, descobriu um blog chamado Tiago in Tokyo, que é simplesmente fantástico! As fotografias são lindas e o melhor é que há mais num segundo blog, também do dito Tiago, chamado Efeito Nipónico.
Francesices (actualizado)
Para não sucumbir à dominação cultural anglo-saxónica, os franceses inventaram o ordinateur para substituir o computer, o baladeur para o walkman e a mondialisation para a globalisation.
No entanto, insistem em dizer Shoah em vez de Holocausto e Tsahal em vez de exército israelita.
E já agora: é só aqui na Terra Sancta ou aí na Europa (e por todos que por esse mundo fora me lêem, que hoje até já tive uma visita da Líbia) o novo canal France24 também dá sempre em inglês? É que inglês por inglês, fico-me pela BBC.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Presumível implicada
Quando eu fui estudar para Lisboa, os que não me conheciam presumiram que eu não tinha conseguido entrar na Universidade de Coimbra. A média de entrada no meu curso em Lisboa era 17, em Coimbra 15.
Quando eu vim para Israel, alguns presumiram que eu tivesse cá família. Não conhecia absolutamente ninguém. Outros presumiram que o estágio fosse remunerado. Saiu tudo do bolso dos meus pais. Alguns presumiram que eu tivesse uma ganda cunha. Provavelmente porque presumem que ficar sentado no sofá à espera das cunhas dá mais resultado que passar dias e dias na internet à procura de estágios, a enviar mails e esperar por respostas que nunca chegam. E todos presumiram que eu estava era doida da cabeça por vir para Israel!
Muitos presumem que, por ser mulher, não gosto de futebol. Vi quase todos os jogos do mundial.
Outros presumem que, por ser do sul da Europa, sei danças latinas. Até levarem uma valente pisadela aqui da pata choca.
Alguns presumem que, por ser portuguesa, gosto de samba. Ora aqui está uma presunção do tamanho do Atlântico.
Aqui, há quem presuma que venho dos EUA. Chegam mesmo a ser precisos: Let me guess, you come from NY? Não, venho de Portugal. Alguns ainda assim não se deixam vencer e insistem que eu já devo ter vivido nos EUA. Não, nunca lá fui. Mas que raio de ideia!
Certos meninos presumem que, por eu tomar a pílula, não preciso de usar preservativo. Meus caros, a pílula é para as borbulhas e o preservativo para as doenças.
Há quem presuma que, por eu viver no estrangeiro e não querer voltar para Portugal, não sinto falta da família e dos amigos. Não sabem que não se trata de não sentir, mas de saber viver com as saudades.
Muitos presumem que, por eu defender a liberalização do aborto, das drogas leves e do casamentos de homossexuais, sou de esquerda. Cruzes canhoto!
Alguns presumem que sou pró-israelita, outros que sou pró-palestiniana. Eu não sou pró nada, estou cada vez mais do contra!
Nas minhas viagens, já presumiram que eu era espanhola, italiana, francesa, argentina, libanesa e até israelita (neste dia vi o caso mal parado e achei que ia ser linchada em plena medina de Casablanca).
Perante tudo isto, eu respiro fundo, sorrio e digo Olhe que não, olhe que não...
domingo, dezembro 10, 2006
Pré-condições
A Comunidade Internacional (leia-se UE e EUA) impôs 3 pré-condições ao governo Hamas para a continuação da ajuda e das negociações internacionais. Os EUA e até certo ponto o Reino Unido impuseram pré-condições à Síria e ao Irão para negociações, caso contrário "they shouldn't bother to show up". Como é possível que um lado estabeleça pré-condições para abrir negociações com outros, quando ambas as partes precisam do diálogo?
Confundem-se os fins com os meios. As negociações são um meio para se chegar a uma solução, não são nem pode ser um fim em sim mesmo. O reconhecimento de Israel, a renúncia ao terrorismo ou ao seu patrocínio, a desistência do projecto nuclear devem ser o resultado de conversações. No eventual acordo daí saído, Hamas, Síria e Irão têm que respeitar estas exigências, mas sempre em troca de algo, porque essa é a essência das negociações.
Qual é o incentivo que umas das partes tem em respeitar pré-condições, se isso não lhes garante que haja resultados com as negociações? E se "eles" também exigirem pré-condições à UE e aos EUA? Longe vai o tempo em que entrar em diálogo com o Ocidente era um privilégio. Hoje todos sabem que Síria e Irão precisam tanto das negociações como os EUA, mesmo que Bush ainda esteja relutante em aceitar isso, ao contrário de Blair que já "acordou". As pré-condições são uma demostração de arrogância por parte de alguém que não está em condições de impôr assim tanto. E "eles" sabem disso.
O mesmo se tem passado com a democracia que, em vez se ser encarada como um meio para se chegar a uma sociedade melhor, é vista como um fim em sim mesma. E o resultado está à vista.
sábado, dezembro 09, 2006
Happy Moments
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Tengo la camisa negra porque negra tengo el alma
O mundo é demasiado injusto.
Em continuação do post Começou a síndrome do compromisso e em protesto pela situação nele descrita, estou de greve.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
O que eu quero pró Natal IV
Este belo conjunto da Agent Provocateur. Aliás, eu querer querer queria a colecção toda, porque esta marca faz da lingerie uma delicada obra de arte.
Se alguém quiser fazer uma criança feliz (eu, claro), vão ao site.
Pode encomendar-se online.
Não resisto...
Discurso de Bush na conferência de imprensa esta tarde:
"And so they're supporting extremists across the region who are working to undermine young democracies. Just think about the Middle East.
In Iraq, (...) the elected government of Prime Minister Maliki.
In Lebanon (...) Prime Minister Siniora's democratically-elected parliament and government.
We'll support the democratic government of Prime Minister Maliki.
In the Palestinian Territories, they (os extremistas) are working to stop moderate leaders like President Abbas..."
É curioso como quando chegou aos territórios palestinianos, não apareceu o democratically-elected Hamas government.
Alguma coisa vai ter que mudar: ou os discursos ou as políticas...
Aos saudáveis...zinhos
A próxima vez que alguém me vier com aqueles discursos anti-tabagistas, que fumar faz mal, que são uns pobrezinhos duns fumadores passivos que não fazem mal a ninguém, que os fumadores andam a dar cabo do sistema nacional de saúde, blá blá blá, eu meto-o à frente do tubo de escape de um autocarro velho e só o deixo sair de lá quando o veículo arrancar. Depois vamos ver se ainda culpam o fumo do tabaco por todos os males do mundo.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Novo posto
Ora qual Marcelo Rebelo de Sousa na RTP, vou começar também a dar bitaites sobre tudo e mais alguma coisa n' O Apaniguado.
E já lá está o primeiro post.
E já lá está o primeiro post.
É Natal, é Natal, lala la lala
A época natalícia chegou aqui à Residência Oficial, como poderão verificar se ligarem o radiozinho ali do lado direito. Sim, eu pertenço ao grupo daquelas pessoas supostamente irritantes que adoram o Natal. Fico feliz com prendinhas, luzinhas, doces, árvores de Natal, votos de boas festas na tv, as canções, os Pais Natal, o Música no Coração e o E.T., as decorações, as idas à baixa ao final do dia quando as ruas já estão iluminadas e com aroma a castanhas assadas, essas coisas todas.
Para quem gosta mesmo disto não pode haver nada mais deprimente que passar a época num sítio que não comemora o Natal (lição aprendida para destinos futuros). O meu espírito limitava a um Christmukkah, uma mistura de Natal com Hannukah, a festa judaica que também acontece em Dezembro (lá mais para a frente eu faço um post sobre isso). Um White Christmas aqui, uns Sufganiyot ali (é o doce típico do Hannukah que por mim faz as vezes do bolo-rei na perfeição)...
Agora minha gente, tudo mudou. Com os enfeites que a minha santa mãe me enviou, a minha casa está um verdadeiro lar em época de natal: os sininhos à porta, os meus 4 cds de música natalícia, as fitas, as bolas, os presentes. Já só falta a àrvore, questão que será tratada nos próximos dias com uma ida a Jaffa, a parte árabe de Telavive. A esta mood se juntou até o supermercado aqui da frente, que deve ser cristão porque não só vende Pais Natal com chocolates, como até tem uma árvore de Natal à porta!
P'ra todos um bom Natal, p'ra todos um bom Natal, desejo um bom Natal para todos vós!
terça-feira, dezembro 05, 2006
Começou a síndrome do compromisso
Ultimamente, os miúdos giros e interessantes que tenho conhecido têm todos namorada, excluindo umas criaturas que, passado uns tempos, eu percebo porque é que, apesar do package ser prometedor, estão sozinhos. É que não há ninguém que os ature.
Ora, se aos vinte eles já têm todos namorada, aos trinta vão estar todos casados, aos quarenta divorciados, com uma carrada de filhos a tiracolo e em plena crise de meia idade e nas décadas seguintes eu nem consigo imaginar...
Conclusão: 'tou tramada. Poucos estão disponíveis para uma não-relação.
É curioso como o estereótipo do jovem que quer aproveitar a vida sem se prender a ninguém já está ultrapassado. Muitos dos meus amigos têm namoradas há imenso tempo, enquanto as minhas amigas (salvo honrosas excepções) estão solteiras e com outras prioridades na vida. Estarão os homens a ficar emocionalmente dependentes?
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Pinochet: cá vamos nós outra vez
Eu ainda não sei muito quem sai realmente prejudicado quando alguém tenta levar Augusto Pinochet a julgamento.
Se o próprio Pinochet, cuja saúde se deteriora cada vez que se fala em tribunal. Desta vez até foi caso de extrema-unção.
Se a justiça. Foram cinco em oito anos, as tentativas de condenar o ex-ditador (se a Wikipedia não me engana). As imunidades políticas, a saúde, os amigos acabaram sempre por o "salvar". Até já o tentaram "apanhar" por fraude fiscal, o que faz lembrar Al Capone, um dos maiores gangsters de sempre e que acabou por ser preso apenas por fuga ao impostos. O máximo que se conseguiu até hoje foi uma prisão domiciliária.
Eu não sou a favor da impunidade Pinochet, mas será que todas estas tentativas frustradas não acabam por descredibilizar mais a justiça do que a ele? E não só o sistema chileno, mas internacional, uma vez que esta história já envolveu o Reino Unido e Espanha.
domingo, dezembro 03, 2006
O Estado de Israel
Para quem se interessa por estas coisas e ainda conseguir apanhar uma possível repetição, ver o programa The World Debate da BBC World. Esta semana é sobre Israel. Apresentação de Gavin Esler.
sábado, dezembro 02, 2006
Going out with Europe
Saída com nórdicos:
Nórdicos: Então, noite hoje? Já não saímos em grande há muito tempo.
Susaninha: Claro! A que horas? 10?
Nórdicos: 10?! Isso é muito tarde! Às 9.
Saída com espanhóis:
Espanhóis: Então, noite hoje? Tem é que ser calminha porque estamos de ressaca e amanhã vamos jogar futebol.
Susaninha: Claro! A que horas? 10?
Espanhóis: 10?! Isso é muito cedo! Às 11.
Nórdicos: Então, noite hoje? Já não saímos em grande há muito tempo.
Susaninha: Claro! A que horas? 10?
Nórdicos: 10?! Isso é muito tarde! Às 9.
Saída com espanhóis:
Espanhóis: Então, noite hoje? Tem é que ser calminha porque estamos de ressaca e amanhã vamos jogar futebol.
Susaninha: Claro! A que horas? 10?
Espanhóis: 10?! Isso é muito cedo! Às 11.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Identidade nacional
Eu sinto-me verdadeira e tragicamente portuguesa quando, à sexta-feira à tarde, vou para a rua Shenkin e para o mercado Carmel. O povo todo vai lá parar, os velhinhos com os carrinhos de compras, os papás com os carrinhos de bebé, os turistas, as miúdas de treze anos, mais enfeitadas que uma árvore de natal, aos gritinhos com as amigas. Passados cinco minutos eu já estou a reclamar com tudo e com todos, que eu não tenho a vossa vida, mas será que esta gente não tem mais para onde ir, mas que raio de ideia tive eu, nunca mais cá ponho os pés.
E isto repete-se todas as sextas-feiras. Qual típico português no Algarve em Agosto ou no shopping ao domingo. Porque será?
Dores, muitas dores
nos músculos da cara e da barriga depois de ter visto o Borat! Já não me ria assim desde um espectáculo do Pedro Tochas há uns anos.
Infelizmente não percebi nada das partes naquela língua esquisita, por isso tenho que ver o filme outra vez em Portugal (oh, que chatice!).
Alguém dizia no outro dia que não era o Cazaquistão que devia ficar ofendido com o filme, mas sim os EUA. Concordo.
Um grande bem-haja ao humor politicamente incorrecto, porque já não há paciência para piadas bem-comportadas. Porque o importante não serão tanto os comentários racistas, homofóbicos, antisemitas e machistas de Borat, mas a reacção (ou a falta dela) das pessoas do filme a esses comentários. Afinal tudo parece valer, desde que não se brinque com o hino americano.
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