terça-feira, outubro 16, 2007

Acidentes de fim-de-semana

Este fim-de-semana fui ao cinema por acidente. Não sabia nada sobre o filme, nem sequer o título. E, como nos acidentes em geral, o resultado não foi bom. O filme (soube eu dois dias depois) chamava-se The Last Legion e só me prendeu a atenção nos últimos cinco minutos porque o fim já se fazia anunciar. Aborreci-me desde o primeiro momento e percebi que a coisa só ia piorar. Só não me pus logo a dormir porque tinha um miúdo bem giro ao meu lado e tinha medo de roncar ou deixar cair um fio de baba em cima dele (aliás, com o sacrifício que eu fiz a ver o filme, o miúdo bem que se podia ajoelhar aos meus pés e pedir-me em casamento, mas enfim...).
A história desenrola-se na altura do Império Romano, algo que se eu tivesse sabido de antemão me teria feito poupar os sete euros do bilhete. Nunca vi nem tenho vontade de ver o Gladiador, o Tróia, o Alexandre e outros que tais. Não tenho paciência para diálogos rebuscados, difíceis de seguir (principalmente em inglês) e cheios de expressões género "segue o teu coração, está no teu destino" e muito menos para heróis mal-humorados, mas que têm sempre uma tirada de humor nos momentos mais díficeis, criancinhas de dez anos que já conhecem o sentido do dever e do bem do seu povo, mulheres guerreiras que enfrentam seis homens ao mesmo tempo e, em pleno Império Romano, já usam push-up bras e as sobrancelhas minuciosamente depiladas. Como também não tenho para maus efeitos especiais, tensões sexuais mal-amanhadas e clichés repetidos vezes sem conta.
Se calhar, com um pouco de boa-vontade e um sorriso do tal miúdo giro, a coisa passava. Mas eu não aguento, não aguento mesmo, chego até a sentir repulsa por estas histórias cheias de lutas do bem contra o mal, supostos valores como a coragem, a honra, o sacrifício e muito poucos dilemas morais, heróis e heroínas perfeitas, sem mácula no carácter. Como se as lições de vida se aprendessem num filme e o mundo fosse todo preto no branco.
Um pesadelo.

4 comentários:

Thomaz Napoleão disse...

Removendo de cena o miúdo giro, eu concordaria com tudo isso...

...mas será o Império Romano o culpado? Ou Hollywood? O mundo está cheio de gente pequeno-fraca, que precisa de exemplos morais mastigadinhos para sobreviver. O cinema não inventou nada disso, mas se aproveita desse fa(c)to.

Rita disse...

:) ámen. também não tenho paciência nenhuma para esse tipo de filmes e histórias...

David Caetano disse...

Partilhas da minha opinião sobre o filme... fraquíssimo! Como alguém fascinado pela Roma Antiga fui ao cinema cheio de expectativa e voltei não triste mas deprimido.

Foi tudo demasiado previsível e, desde o inicio ja se sabia como o filme ia terminar.

Mas o pior de tudo, foi não ter uma miúda gira ao meu lado!:P

Anónimo disse...

Quanto ao filme não vi. Quanto às romanas e à civilização fiquei encantada ao ver os mosaicos de Piazza Armerina http://lugares-e-sensacoes.blogspot.com/2007_01_01_archive.html