Uma menina romena, raptada em Espanha, foi encontrada graças ao apertar da segurança provocada pela Madeleine. As televisões, que têm andado a fazer um verdadeiro circo desta história toda (não querendo eu com isto diminuir o verdadeiro sofrimento da família provocado pelo desaparecimento da criança), pura e simplesmente ignoraram esta notícia. "Ai... espera... parece que há miúda... espera, espera... ah, não é a Maddie... é uma miúda qualquer que também foi raptada... esquece".
Que ninguém ligasse às críticas que diziam que nunca se tinham montado tais operações, policiais e mediáticas, quando se tratavam de crianças portuguesas, ainda vá. Sempre se podia argumentar que "nunca fizémos, mas agora vamos passar a fazer, porque todas as crianças são iguais". Mas não. Uma criança romena é raptada, felizmente é encontrada, mas só é mencionada na televisão para se dizer "pensou-se que era a Maddie, mas afinal não era, que pena...".
A pobre menina de 11 anos não é inglesa, é romena. Não vem de um país que envia turistas de luxo para o Algarve. Não vem sequer de um país onde as pessoas são todas médicas, engenheiras e cantoras de ópera e estão em Portugal a trabalhar nas obras, coitadinhos. Não, ela vem de um país, cujos cidadãos costumam andar por aí a pedir esmola. A pobre menina não tem uns pais com olho para a coisa, que têm consultores de imagem e advogados a 750€ à hora. Os pais da menina romena, se calhar, nem sabem o que são conferências de imprensa. A pobre menina nem deve ser loura e angelical, nem deve andar sempre com um ursinho.
Infelizmente, ainda uns são mais iguais que outros. Umas tragédias são mais humanas que outras.
Actualização: Pronto, já deram mais importância ao caso da miúda romena, mesmo que não ao mesmo nível da criança inglesa. De qualquer forma, aqui fica a minha indignação das últimas 24 horas...
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